A cantora Nana Caymmi foi velada na manhã desta sexta-feira (2), no Theatro Municipal do Rio, no Centro. A cerimônia reuniu familiares e amigos da artista, que morreu aos 84 anos, na nesta quinta-feira (1º), em decorrência de falência múltipla dos órgãos. k6c6g
Irmãos da artista, Dori e Danilo Caymmi, e a filha de Nana, Stella, estiveram entre os primeiros a chegar ao local. A sobrinha do ícone da MPB, Alice Caymmi, também compareceu ao velório, assim como o ator André Gonçalves e as cantoras Elba Ramalho, Teresa Cristina, Joyce Moreno e Leila Pinheiro.
Danilo lamentou a perda da irmã e ressaltou o sofrimento da família e a importância de Nana para a música. "Olha, muito difícil, muita dor, né? Ela tinha vários canais de dor, né? Uma coisa impressionante. Ela ficou nove meses no hospital, na UTI. Então estava cansada também, né? A gente perde uma grande intérprete, né? Não só minha irmã, mas tendo um distanciamento, você vê a cantora fabulosa que ela é era, né? É uma perda muito grande para nós", disse.
"A pessoa tão generosa que ela era, uma mulher fora do tempo dela, que sempre brigou muito… uma agressividade para se impor como mulher em um meio tão difícil, dominado por homens", completou o familiar.
Stella Caymmi relembrou o papel da mãe na valorização do bolero no cenário musical brasileiro. "Eu fiquei muito feliz com os discos de Bolero, foi uma atitude corajosa dela, porque até então o Bolero era considerado uma coisa brega, não entrava no mercado brasileiro, e depois que ela gravou, diziam para ela que ela era um cometa, ela fazia as coisas e os outros artistas vinham atrás".
Ela também mencionou a paixão de Nana pela era do rádio, além de sua conexão intensa com os compositores da fase dos festivais. "Minha mãe tinha uma predileção pela era do rádio, mas ela gostava muito dos compositores da era dos festivais. Gravou Ivan Lins, Milton Nascimento, Clube da Esquina, entendeu? Então ela tinha uma iração profunda. Como ela foi uma cantora da era dos festivais, a marcou muito. Ela ganhou o primeiro Festival Internacional da Canção (FIC) na fase brasileira".
Gilberto Gil, que foi casado com Nana de 1967 até 1969, esteve presente para dar o 'último adeus'. O cantor foi acompanhado da mulher, Flora Gil. Durante o velório, o artista deu um beijo na testa da intérprete da canção "Resposta ao Tempo".