Fonte:juinanews 453b1w
Os acadêmicos Josemir Paiva Rocha, Otoniel Nascimento de Souza, Edinei Vicenti da Costa e Izac Joaquim da Silva, acadêmicos do 5º termo do curso de geografia realizaram brilhante pesquisa sobre o cultivo de hortaliças e a agricultura familiar no município de Juína.
A agricultura familiar ou agricultura de subsistência compreende-se pelo tipo de agricultura desenvolvida quase sempre por integrantes da família e alguns empregados temporários, agricultura familiar não emprega trabalhadores permanentes, podendo, porém, contar com até cinco empregados temporários.
De acordo com Toscano (2003), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) apresentou dados que revelam que aproximadamente 85% do total de propriedades rurais do pais pertencem a grupos familiares.
São 13,8 milhões de pessoas que têm na atividade agrícola praticamente sua única alternativa de vida. Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Cerca de 70% do feijão consumido pelo país, alimento básico do prato da população brasileira vêm desse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Bruto da Produção Agropecuária são produzidos por agricultores familiares. Vêm daí também 84% da mandioca, 5,8% da produção de suínos, 54% da bovinocultura de leite, 49% do milho e 40% de aves e ovos.
É desse tipo de propriedade que sai cerca de 95% das hortaliças consumidas no país, e que traz a mesa do consumidor um produto agrícola de qualidade e provém o sustento de grande parte das famílias de produtores rurais.
Segundo a empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), são aproximadamente 140.201 famílias em Mato Grosso que dependem da agricultura familiar como principal fonte de renda. No município de Juína essa realidade não é diferente, inúmeras famílias vivem desse tipo de produção.
O cultivo de hortaliças na propriedade Sonha Real é desenvolvido com o sistema de produção intensivo com uso de tecnologias aplicadas, tendo o trator como uma ferramenta importante para o desenvolvimento e o preparo do solo. Através da irrigação, essa atividade tem uma maior produtividade ao longo do ano, à mesma é utilizada de forma manual, pois o sistema automático não é compensatório devido aos gastos além de haver um grande desperdício de água, disse o produtor.
Os produtos cultivados na propriedade estão classificados no grupo das hortaliças, especificamente, alface como ilustra a figura 1 a cebolinha verde e tomates, mas somente a alface é direcionada ao comércio. Os demais produtos são consumidos pela própria família. Nesta mesma propriedade foi experimentado o cultivo de repolho, mas não obteve bom resultado, pois à presença de larvas atacaram a plantação.
Figura 1. Cultivo de alface. Org: Rocha, Josemir Paiva (2009).
A colheita (figura 2) da alface é feita nos seguintes horários, as 07h00min e as 10h00min e em seguida ocorre à distribuição ao comércio em especial nos principais supermercados da cidade. Diariamente são entregues cerca de 100 pacotes de alface, totalizando aproximadamente 1600 pacotes por mês. Cada pacote chega ao comerciante no valor de R$ 0,60 (sessenta centavos) e reado ao consumidor final no valor de R$ 1,00 (um real), gerando um lucro bruto de R$ 0,40 centavos ao comerciante final. A renda de toda essa atividade segundo seu Atilio gera para sua família um lucro mensal liquido de R$ 1.000,00 (Hum mil reais), que segundo o produtor, proporciona uma condição razoável de vida, classificada de classe média baixa.
Ao perguntarmos sobre o projeto oferecido pelo município de especialização das atividades de plantio, ele explica que não a um acompanhamento direto das entidades responsáveis, e falta capacitação técnica para os produtores, um exemplo claro são as estufas onde o produtor encontra grande dificuldade na produção de hortaliças. É necessário um engenheiro Agrônomo que capacite os agricultores mostrando-os como utilizar essa prática, pois o solo para o plantio é de boa qualidade, comenta o produtor.
Visão do produto - Diante dos fatos expostos nos deparamos diante de um cenário com sérias divergências de opiniões, de um lado o produtor mostra sua dificuldade em conseguir um maior apoio de órgãos governamentais no sentido de otimizar sua produção. A falta de um trator da prefeitura com um baixo custo, para a construção dos canteiros, e instrução técnica de um engenheiro agrônomo são fatores citados pelo produtor para demonstrar toda sua insatisfação com relação às políticas de fomento dos diferentes níveis de governo.
Visão da secretaria de agricultura - Por outro lado órgãos governamentais como a Secretaria Municipal de Agricultura tentam criar alternativas viáveis para subsidiar esse tipo de atividade agrícola, e citam como exemplo aquisição de tratores, e orientações através de palestras e cursos que visam atender exclusivamente as necessidades dos produtores deste setor.
Visão da AJOPAM - A agricultura familiar vem recebendo um forte incentivo da Secretaria Municipal de Agricultura e da Associação Organizada de Ajuda Mutua (AJOPAM). Segundo o representante da associação, a agricultura familiar em Juina vem se destacando com a plantação de pupunha e plantio consorciado.
A AJOPAM, através de técnicos agrícolas e uma engenheira agrônoma vêm procurando levar informações sobre o cultivo de produtos sem prejudicar o meio ambiente e um melhor aproveitamento das terras.
A um destaque à pecuária leiteira, alguns agricultores já aderiram em suas propriedades vacas leiteiras e estão contentes com os resultados financeiros e que na gleba iracema já está funcionando um resfriador de leite além de contar com o transporte por um caminhão especifico até o laticínio.
Tendo em vista os aspectos observados percebe-se uma deficiência na interação entre os indivíduos envolvidos na pesquisa, mesmo assim a agricultura familiar de Juina mostrou-se viva e com boas perspectivas para o futuro, faltam ainda conhecimentos das diferentes realidades e um maior fluxo de informação, e é com estudos como esse que podemos chegar a um elevado nível de interação e a uma sociedade que se mostre eficiente em agregar os diferentes tipos de atividades econômicas no contexto de promoção social.
Denise Peralta Lemes
Coordenadora do Curso de Geografia